Controle da Temperatura no Paciente Neurocrítico

01/12/2011 22:30

A temperatura corporal é um dos cinco sinais vitais a avaliar pelos Enfermeiros, de forma sistemática e correcta, durante o período de internamento.A avaliação da variação da temperatura corporal, nas diferentes partes do corpo, e a monitorização da mesma é bastante importante na prática clínica sendo, por vezes, a base de muitas decisões clínicas.(OLIVEIRA,2010).

A monitorização do paciente neurológico grave na UTI consiste em identificar, por meio do exame físico e dos equipamentos monitores invasivos sinais, que indiquem hipertensão intracraniana e diminuição de perfusão cerebral, que senão forem revertidas levam à morte cerebral. (CASTRO et al.2005).

A temperatura indica o nível de calor a que chega o corpo. A temperatura normal do corpo é mantida pelo equilíbrio entre a produção e eliminação de calor. O calor é gerado por processo metabólico e é distribuído no organismo pelo sangue por meio dos vasos sanguíneos.( Machado,2011)

Variação de temperatura:

  • Hipotermia – menor ou igual a 35ºC
  • Temperatura Fisiológica – 35,5º a 37ºC
  • Estado febril- 37,5º a 38,0º C
  • Febre – 38,0º a 39ºC
  • Pirexia-39,0º a 40ºC
  • Hiperpirexia- 40,0º a 41º C

O organismo perde calor por radiação e condutibilidade da pele, por evaporação do suor, por evaporação pulmonar, durante o processo de respiração, pela urina, pelas fezes e pela saliva.

A febre é a modificação patológica da temperatura. É uma reação do organismo diante de determinada agressão que pode ser de origem infecciosa, neurogênica, desidratação ou tóxica.

O homem necessita que a temperatura interna seja constante e o seu sistema termorregulador mantém a temperatura central próxima de 37,5ºC, para conservação das funções metabólicas. (Sessler e cols 1997).

A temperatura de equilíbrio ronda, nos seres humanos, os 37ºC, estando os limites normais situados entre os 36,1ºC e 37,2ºC. Este equilíbrio térmico é mantido através do balanço entre a perda e a produção ou aquisição de calor (Guyton, 2002).

A Temperatura Cerebral é basicamente determinada pelos seguintes fatores: Produção local de calor (Metabolismo cerebral e cascata inflamatória), Temperatura do sangue arterial, Temperatura Corporal, Fluxo Sanguíneo Cerebral (importante fator termorregulador e de dissipação do calor ).

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Temperaturas corporais de 38º.C a 42º.C determinam o aumento do metabolismo cerebral;

A redução da temperatura desacelera as reações químicas e enzimáticas das células e, em consequência, reduz a taxa metabólica dos tecidos. Nessas circunstâncias, o consumo de oxigênio pelos tecidos é menor.( Sealy e cols.)O consumo de oxigênio pelo organismo baixa gradualmente, à medida que a temperatura é reduzida, tanto no resfriamento de superfície como no resfriamento central.

Um aumento da temperatura de 1ºC, leva ao acréscimo de 13% no consumo de oxigénio e a maiores necessidades hídricas e calóricas, o que pode ser nefasto para pessoas com função vascular cerebral e cardíaca marginal.( Magalhães e cols. 2001).

A hipotermia provoca um abrandamento da actividade enzimática, redução do consumo cerebral de oxigênio.(redução de 7% no consumo de O2 para cada diminuição de 1ºC).

As publicações de N. Hayashi em 1994 sobre pacientes com TCE grave, que apesar de mantidos com parâmetros ideais como DO2 > 800 ml/min, PaO2 > 80 mmHg, PIC < 20 mmHg, PAM > 80 mmHg, com PPC > 60 mmHg e temperatura corporal < 37,5º C, tiveram má evolução neurológica. Observou-se, nesses pacientes, entre vários outros parâmetros analisados, que todos apresentavam Temperatura cerebral elevada e hipóxia cerebral (PtiO2 < 15 mmHg). As publicações de N. Hayashi em 1998, 1999 e 2000 foram importantes na determinação dos graves efeitos deletérios da hipertermia cerebral.

Simples fato de você controlar temperatura você tem um grande ganho no que diz respeito controle pressão intracraniana.Quanto mais alto temperatura mais chance o individuo tem de ter PIC.

Presença febre no paciente com AVE aumenta morbi-mortalidade precose e aumenta mortalidade tardia segundo os estudos seguir:

  • Grinsberg et al. Stroke 29: 529-34,1998
  • Schwartz et al.Neurology 54:354-60,2000
  • Oliveira-Filho et al. Neurology 56:1299-304,2001

 

Traumatismo cranioencefálico grave

  • Childs et al. Neurocritical Care 05:10-14,2006

 

 

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Referências

 

  1. Sessler DI, Sladen RN - Mild intraoperative hypothermia. N. Engl J Med 1997; 336: 1730-1737.
  2. CASTRO, osvaldo antonio prado. No que consiste a monitorização neurológica à beira do leito? Rev Assoc Med Bras 2005; 51(5): 241-55.
  3. MACHADO, Sergio Antonio e cols. Rotinas de enfermagem, scmg.2011.
  4. Sealy, W.C.; Brown, I.W.,Jr.; Young, W.G.,Jr.; Stephen, C.R.; Harris, J.S.; Merritt, D. –Hypothermia. Low flow extracorporeal circulation and controlled cardiac arrest for open heart surgery. Surg. Gynec. & Obst. 104, 441-445, 1957.
  5. Magalhães, Sónia e cols. TERMORREGULAÇÃO.2001
  6. OLIVEIRA, diana luísa martins.Monitorização da temperatura corporal com termómetro digital timpânico e termómetro digital axilar: análise da reprodutibilidade e da validade.2010.

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 


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