Fatores que propiciam e afetam o crescimento de microorganismos na cavidade oral

06/11/2011 16:52

    Durante a vida, todas as superfícies do corpo são expostas à colonização por uma grande variedade de microrganismos. LINDHE (1999). 

    Vários compartimentos orgânicos do corpo humano abrigam uma série de microrganismos que infectam esses locais mesmo no estado saudável, constituindo a microbiota própria de cada local. O motivo da não existência de uma microbiota única em todas as partes do corpo, deve-se inicialmente ao fato de cada região ser um habitat diferente, com condições ambientais diferentes.

    Na realização deste estudo bibliográfico, durante as pesquisas nos artigos científicos, encontramos vários fatores que propiciam o crescimento de microorganismos na cavidade bucal. Para Marsh (2005), existem vários fatores que propiciam o crescimento de microorganismo na cavidade bucal. Outros autores também pesquisados relataram vários fatores, que listaremos a seguir:

 

  1. 1- Temperatura boca

 

    A boca dos seres humanos é mantida em uma temperatura relativamente constante (36ºC),o que proporciona condições adequadas para o crescimento e para o metabolismo de uma ampla gama de microorganismos.Bolsas periodontais com doença ativa possuem uma temperatura mais elevada (até 39ºC) comparada com áreas saudáveis com valor médio de 36,5ºc.(MARSH, 2005).

De acordo com Simões e cols (2007), a temperatura corporal de um indivíduo pode sofrer variações durante as 24 horas devido alguns fatores como: processos patológicos,ritmo circadiano, influência da temperatura ambiente.Mas variabilidade da temperatura oral é mínima durante esse período.

 

 

  1. 2-  pH da boca

 

 

Muitos microorganismos requerem um pH ao redor da neutralidade para crescerem e são sensíveis aos extremos de ácido ou alcalino.O pH bucal

Mantém-se em torno de 6,8. ( CHUTZEMBERGER,et al.2007)

De acordo com Fiorucci et al.(2001), O pH da maioria das superfícies da boca é regulado pela saliva e o pH normal da saliva varia entre 6,4 e 6,9 de modo que, em geral, os valores de pH ótimo para crescimento microbiano são proporcionais nas áreas banhadas por este fluido.No intervalo entre as refeições O Ph é de 7,0 a 7,3.

 

  1. 3- Agentes antimicrobianos e inibidores

 

Estudos de SOSKOLNE (apud Querido,2004,p.4) mostram que  administração sistêmica ou local de agentes antimicrobianos constitui uma alternativa para complementar a terapia mecânica convencional, no intuito de atuar sobre a microbiota patogênica, assim como na modulação da resposta inflamatória do hospedeiro, limitando a destruição tecidual.

            Antimicrobianos  são designados para matar (bactericidas) ou inibir o crescimento (bacteriostáticos) das bactérias suscetívei. Ambos os tipos de agentes podem ser distribuídos por pastas de dente (dentifrícios) e enxágue bucal.Hirsh( 2003).

            Os antibióticos administrados sistemicamente ou oralmente por problemas em outras áreas do corpo entram na boca via saliva ou FSG e afetam a estabilidade da microflora oral

  1. 4- Nutriente exógeno

 

De acordo com Neiva (2007), cárie é uma doença infecciosa e transmissível porque é causada por certas bactérias que colonizam as superfícies dos dentes.Diferente da maioria das doenças infecciosas que acometem os seres humanos, ela é o resultado de um desequilíbrio da microbiota bucal nativa e não de um patógeno exógeno não nativo.

Sobreposto a estes nutrientes endógenos está um complexo aparato de alimentos ingeridos periodicamente na dieta. Carboidratos fermentáveis são a principal classe de compostos que influenciam acentuadamente a ecologia da boca. O consumo frequente de carboidratos da dieta é associado com uma mudança nas proporções da microflora da placa dentária. Os níveis de Streptococus mutans e lactobacilos aumentam, enquanto diminuem as espécies sensíveis aos ácidos (por exemplo, Streptococcus sanguis, S. gordonii). MARSH (2005).

 

  1. 5- Aderência e aglutinação

De acordo com Marsh (2005),

 

‘’a mastigação e o fluxo natural de saliva (taxa média= 19 ml/h; variação = 0,5-111,0 ml/h) provocam deslocamento de microorganismos não firmemente aderidos a uma superfície oral. Apesar da saliva conter entre 108 e 109 microorganismos viáveis por ml, esses microorganismos são todos derivados dos dentes e mucosa, sendo a placa e a língua os principais contribuintes”.

 

Os componentes salivares podem agregar certas bactérias, o que facilita sua remoção da boca pela deglutição. As bactérias são incapazes de se manter na saliva pela divisão celular, pois são eliminadas em uma taxa mais elevada pela deglutição. MARSH (2005)

 

  1. 6- Fatores específicos

 

Os componentes das defesas específicas do hospedeiro (linfócitos intra-epiteliais e células de Langerhans, IgG e IgA) são encontrados dentro da mucosa, onde atuam como barreira para a penetração de antígenos (agentes estranhos). Existem vários tipos de imunoglobulinas, sendo que na saliva e outras secreções a classe predominante são as imunoglobulinas secretórias (IgA). A imunoglobulina predominante na boca saudável é a IgAs. Pinheiro (1981)

A IgAs pode aglutinar bactérias orais, modular a atividade enzimática e inibir a aderência de bactérias a superfícies orais. A IgAs é geralmente considerada a primeira linha de defesa em virtude de sua dispersão local dos antígenos do ambiente.Marsh (2005).

As imunoglobulinas secretórias representam uma primeira linha de defesa do organismo contra a invasão virótica e bacteriana. Pela maior afinidade que as imunoglobulinas secretórias têm pelos antígenos dos microorganismos, elas formam com os mesmos, agregados macromoleculares, impedindo assim sua aderência às superfícies das mucosas e facilitando sua remoção pela deglutição. (SOUZA, 2007).

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO

 

Lindhe J - Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 3ª Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1999;720.

 

 

MARSH, Philip, MARTIN, Michael V, Microbiologia Oral, 4ª Ed,São Paulo, Editora Santos, 2005.

 

 

Simões, Ana Leda Bertoncini; Martino, Milva Maria Figueiredo De. Variabilidade circadiana da temperatura oral, timpânica e axilar em adultos hospitalizados. Rev Esc Enferm USP.2007.

 

Fiorucci, Antonio Rogério e cols.O conceito de solução tampão.Química nova na escola. n° 13, maio 2001.

 

QUERIDO, Silvia Maria Rodrigues; CORTELLI, José Roberto. Antimicrobianos locais como adjuntos à terapia periodontal. Rev. biociênc.,Taubaté, v.9, n.2, p.27-34, abr-jun 2003.

 

 

Hirsh, Dwight C; Zee, Yuan Chung. Microbiologia Veterinária. Editora: Guanabara 2003.

 

NEIVA, ivana froede. Caracterização molecular de biosorotipos selvagens de Streptococcus mutans isolados de crianças com diferentes históricos da doença cárie.Curitiba,2007.

 

 

Pinheiro, carlos eduardo.Bioquímica da Saliva. Revista Paulista de Odontologia.1985.

 

SOUZA,Érica Luíza da costa.Comparação do digluconato de clorexidina 0,12% sem xilitol com álcool e com xilitol sem álcool para controle do biofilme oral e efeitos adversos associado.Rio de Janeiro,2007.

 

 

 

 


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